
À medida que a luta contra as mudanças climáticas e seus desafios se tornam gradualmente parte da nossa vida quotidiana, a questão do greenwashing, ou maquiagem verde, é uma grande problemática que envolve não só empresas e órgãos governamentais, mas a sociedade como um todo.
O termo greenwashing, de acordo com o Greenpeace (1990), se refere à uma situação em que se promove um produto com uma imagem ambiental positiva quando, na realidade, não é bem assim. Em outras palavras, pode ser considerado como “o ato de enganar consumidores em relação às práticas ambientais de uma companhia ou em relação aos benefícios ambientais de um determinado produto ou serviço” (PAGOTTO, 2013).
Quando se trata de responsabilidade ambiental corporativa, essa prática é extremamente preocupante. Através de políticas sustentáveis e transparentes, as empresas precisam e têm a responsabilidade de minimizar seus impactos ambientais, além de contribuir para a preservação e proteção do planeta – pois, ao contrário da lógica capitalista do sistema em que nos encontramos, nossos recursos não são ilimitados.
Muitas vezes, vemos organizações investindo em campanhas de marketing que enfatizam uma suposta preocupação ambiental, sem realmente adotar práticas ou mudanças significativas em suas atividades. Isso acaba criando uma falsa sensação de segurança para os consumidores, que, ao ver uma embalagem com um selo “bio”, por exemplo, acreditam estar fazendo escolhas sustentáveis ao comprar produtos dessas empresas, quando, na verdade, suas ações não estão gerando impactos ambientais positivos.
A questão do greenwashing e da falta de responsabilidade ambiental corporativa vai muito além do impacto direto no consumidor. Ela também acaba resultando num atraso em relação aos esforços globais para enfrentar e minimizar os desafios ambientais urgentes, como as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição.
Ao desviar a atenção do público “vendendo” uma falsa imagem de sustentabilidade, o greenwashing contribui para a redução da pressão sobre as empresas para que adotem práticas ambientalmente responsáveis. Consequentemente, isso dificulta o processo de transição para uma economia verdadeiramente sustentável, capaz de se manter a longo prazo respeitando e garantindo a preservação dos recursos ambientais.
Por vezes, quando os consumidores identificam que alguma empresa está aplicando tal prática, a confiança na integridade empresarial geralmente é abalada, tornando mais difícil para as empresas responsáveis reconquistarem a confiança do público. Como a Volkswagen, por exemplo, que em 2015 teve sua imagem desgastada ao ser pega utilizando um software em veículos a diesel que manipulava os resultados de testes de emissão, fazendo com que os consumidores tivessem a sensação de estar emitindo menos gases com seus automóveis, quando, em realidade, não era bem assim e a emissão de poluentes era muito superior ao nível informado.

Como uma etapa para “solução” deste problema, é fundamental que as organizações trabalhem na promoção da transparência e na prestação de contas em relação às suas práticas ambientais. Os governos devem deixar de implementar regulamentações superficiais, apostar em leis mais robustas para combater o greenwashing e punir devidamente as empresas que o praticam. Além disso, organizações não governamentais, grupos de defesa ambiental e os consumidores desempenham um papel importante pressionando por maior responsabilidade e transparência das empresas.
Por outro lado, a conscientização pública é uma engrenagem de extrema importância no quesito socioambiental. Educar os consumidores sobre os sinais de greenwashing e incentivar uma análise crítica das atividades e das alegações ambientais das empresas se torna indispensável para o desenvolvimento sustentável. Ao fazer escolhas conscientes e apoiar empresas que são realmente comprometidas com a sustentabilidade, os consumidores podem exercer um impacto significativo, contribuindo verdadeiramente para uma mudança positiva.
Em suma, a problemática do greenwashing e da responsabilidade ambiental corporativa requer ações coletivas e a colaboração entre empresas, governos, organizações – governamentais e não-governamentais – e consumidores. Somente por meio de esforços conjuntos é possível promover a responsabilidade ambiental corporativa e criar um futuro realmente sustentável para o nosso planeta combatendo, assim, o greenwashing.
Este texto é apenas uma introdução à temática do greenwashing. Se você se interessou e deseja se aprofundar mais neste assunto, verifique os materiais abaixo utilizados na elaboração deste artigo.
Fontes:
- PAGOTTO, Erico Luciano. Greenwashing: os conflitos éticos da propaganda ambiental. Dissertação de mestrado. EACH/USP. 2013
- BRITO, Ana Carolina Ferreira de Melo; GONÇALVES-DIAS, Sylmara Lopes Francelino. Como o direito brasileiro encara o greenwashing? 2021. 27 f. Curso de Ciências Ambientais, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.
- Ronison Oliveira da Silva, Daniel Nascimento e Silva. A prática do greenwashing no contexto do desenvolvimento sustentável e da responsabilidade social corporativa. IFAM. 2022.
- Caso Volkswagen (ENG) – Volkswagen: The scandal explained – BBC News
- Outros exemplos de greenwashing (ENG) – Greenwashing Companies