Fogo. Desespero. Morte. Imagens que se repetem ano após ano e que acabaram se tornando normais quando abordamos assuntos relacionados à Amazônia nos últimos tempos, seja em solo brasileiro ou estrangeiro. Dito isso, é válida a reflexão sobre esse tesouro vivo que se tornou apenas uma fonte de lucro para membros, majoritariamente, da classe empresarial e política.
A floresta em pé é mais rentável do que ela derrubada, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa entrevista em um programa de TV. Por mais que essa visão seja compartilhada por muitos, hoje no Brasil é possível perceber que há o que pode ser chamado de cultura do desmatamento, influenciada e impulsionada, principalmente, pelas políticas ambientais - ou a falta delas - da atual gestão governamental.
De acordo com dados retirados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) - organização não governamental cuja missão é promover a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia - o desmatamento aculmulado na região já chegou a aproximadamente 8 mil km² em apenas oito meses e já é o maior dos últimos 15 anos. Faziam quinze longos anos que o Brasil não tinha conhecido níveis de destruição nessa proporção.
A degradação florestal causada pela extração de madeira e pelas queimadas cresceu 54x na região em relação ao mesmo mês do ano passado. Passando de 18 km² em agosto de 2021 para 976 km² em agosto deste ano. Isso representa uma alta de 5.322%, segundo dados do mesmo instituto de pesquisa (IMAZON).
Atualmente, os órgãos ambientais estão totalmente desmontados. Além disso, os postos de fiscalização ambiental também vêm sendo ocupados por pessoas sem experiência e sem compromisso com a causa ambiental, segundo Denis Riva, presidente da Associação Nacional dos Servidores Ambientais. Há também relatos de interferências em ações de fiscalização por políticos que abrem as portas para o desmatamento em troca de votos, o que é um dos motivos pelos quais houve um aumento considerável na degradação florestal neste ano.
Além de emitir gases que agravam e aceleram o aquecimento global, a degradação florestal causada pelas queimadas também afeta a biodiversidade local, com animais perdendo espaço cada vez mais e as comunidades que habitam na região, como é o caso de povos tradicionais que muitas vezes têm suas terras - que deveriam ser protegidas - invadidas pelo fogo e pelo homem.
Com índices altos de criminalidade, a Amazônia está cada dia mais perto de se tornar uma terra sem lei, resultado de políticas ambientais totalmente ineficazes instauradas por um governo que, com base nos números, não se importa com o futuro da região e sim com seu bolso.