COP 27: O que é e o que esperar da conferência do clima

November 14, 2022
Climate change
Portuguese
Fonte: Washington Post

No Paquistão, um terço do país ficou inundado, causando a morte de mais de 1,200 pessoas e a destruição de milhões de casas, pontes, estradas e plantações. Na Europa, a população viveu a onda de calor mais intensa em 200 anos, provocando seca recorde e queimadas em diversas localidades do continente. No Brasil, chuvas torrenciais devastaram a costa, causando cerca de 109 mortes na cidade de Recife e destruindo inúmeras residências, principalmente de cidadãos de baixa renda.

Estes são apenas alguns dos eventos climáticos catastróficos que aconteceram em 2022, eventos extremos cada vez mais frequentes em um planeta que não para de aquecer e que se tornaram o background da COP27, conferência onde importantes líderes mundiais e seus delegados discutem a questão crítica do aquecimento global, emissões de carbono e como enfrentar as mudanças climáticas.

A localização deste ano (Sharm el-Sheikh, no Egito) estimulou apelos para que a conferência se concentrasse nos países africanos, que são alguns dos mais vulneráveis à mudança climática, apesar de estarem entre os que menos emitem gases de efeito estufa, e também lançou críticas ao histórico de direitos humanos do Egito.

Todos os anos, há uma certa expectativa em relação à implementação de políticas voltadas para a preservação do meio ambiente e à tentativa de frear as emissões de gases de efeito estufa que só fazem aumentar. Porém, nos últimos anos de conferência, o sentimento tem sido outro, de tristeza. As metas pouco ambiciosas de grandes emissores mundiais têm desanimado até mesmo aqueles mais engajados nas questões ambientais.

Na abertura da vigésima sétima Conferência do Clima, António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas, adotou um tom de urgência em seu discurso, tom que vem sendo utilizado frequentemente pelo Secretário da ONU devido ao descaso de grandes poluidores em relação às mudanças climáticas.

“Estamos numa rodovia que leva ao inferno climático com nosso pé no acelerador”, disse Guterres. Além disso, Guterres também pediu um pacto entre os países mais ricos e os mais pobres para acelerar a transição energética para fontes renováveis e, em seguida, afirmou que “o tempo está passando e a resposta está em nossas mãos”.

Fonte: Washington Post

Para diversos ambientalistas, o momento é de implementação de tudo o que foi prometido em conferências anteriores e de “separar o joio do trigo”, que é justamente saber quem é que está praticando greenwashing quando fala que está implementando ações quando na verdade não está. Nesta edição da cúpula, o olhar está mais voltado para a implementação do que para novas promessas.

Outra discussão muito presente na COP27 é sobre quem pagará a conta da emergência climática e a questão de exigir dos países mais ricos que os recursos já combinados cheguem às populações mais vulneráveis no fluxo necessário, e não “de gota em gota”. Países da União Europeia já estabeleceram acordos de fundos de investimentos para ações climáticas com alguns países em desenvolvimento (Mongólia, Congo…).

Em relação ao Brasil, neste momento há uma grande expectativa da participação do país em discussões referentes à preservação ambiental, com o foco principalmente na floresta Amazônica, considerada a maior floresta tropical do mundo com a maior parte no território brasileiro.

Expectativa essa que se dá justamente pela transição do governo Bolsonaro para um novo governo sob o comando do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, cujo em sua campanha presidencial abordou temas relacionados à preservação da floresta Amazônica, além de metas bastante ambiciosas, como atingir o desmatamento zero. O presidente eleito foi convidado pelo anfitrião egípcio para comparecer na Conferência do Clima e chegará com sua equipe na segunda semana do evento.