O governo do Presidente Jair Bolsonaro realmente falhou?

October 3, 2022
Politics 
Portuguese

Com 48,43% dos votos, Luiz Inácio Lula da Silva, junto com o presidente Jair Messias Bolsonaro, com 43,20% dos votos, passam para o 2° turno das eleições para presidência da república, que ocorrerá no dia 30 de outubro.

Apesar das pesquisas de intenção de voto terem apontado uma diferença com folga entre os dois candidatos, a realidade não foi a mesma. O cenário aponta então para uma disputa acirrada no 2º turno.

Caso o candidato petista seja eleito, o que se espera é que o resultado seja respeitado pelo governo Bolsonaro, sem que haja uma ruptura com o Estado Democratico de Direito, como vem ameaçando o setor da extrema direita no país.

Os resultados do primeiro turno surpreendem por mostrarem não só que o bolsonarismo não está fraco, mas além, que o bolsonarismo está ainda maior que em 2018, tendo em vista que o presidente conseguiu ainda mais votos nesta nova eleição, além de ter conseguido eleger um Congresso fortemente conservador.

Diante dessa realidade, uma pergunta fica aberta:

Pode-se dizer que o governo do Presidente Jair Bolsonaro realmente falhou?

Em campanha eleitoral, várias foram as polêmicas em torno das declarações públicas do então candidato a presidente da república Jair Bolsonaro. Uma das mais emblemáticas e condenadas pela crítica da oposição foi a afirmativa "Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”, proferida em setembro de 2018.

O cenário político às vésperas da eleição mostrou cada vez mais uma realidade que converge com as descabidas declarações de Jair Bolsonaro. O número de assassinatos por motivações políticas tiveram um aumento significativo, sobretudo tendo apoiadores do PT como vítimas.

No dia 1° de julho, Marcelo Arruda, guarda municipal e dirigente do PT de 50 anos, foi alvejado e morto em sua festa de aniversário temática do ex-presidente Lula por um agente penitenciário bolsonarista.

No dia 23/09, Estefane Laudano, jovem de 19 anos, foi golpeada na cabeça com um pedaço de madeira por um homem de 52 anos, em um bar em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, em que declarava apoiar Bolsonaro.

No dia 24/09, o caseiro e apoiador do PT Antônio Carlos de Lima, de 39 anos, foi assassinado a golpe de faca por um bolsonarista em um bar, na cidade de Cascavel, Ceará, por declarar voto no ex-presidente Lula.

Porém, não só no campo da violência política influenciou o bolsonarismo.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios no ano de 2021 no país foi de 1.319, enquanto que em 2018 o número foi de 1.206.

Também, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no final de 2020, cerca de 19 milhões de brasileiros passaram por insegurança alimentar grave, mais que o dobro que em 2009.

Apesar disso, uma quantidade expressiva de apoiadores do Presidente Bolsonaro se mantém a favor de todas as decisões tomadas pelo Messias, como fãs que idolatram a figura narcísica do presidente.

Segundo pesquisa do Datafolha, 30% aprovavam e 43% reprovavam o governo Bolsonaro em agosto de 2022. Se comparado com dezembro de 2019,  apenas o número de reprovação sofreu alteração, em que 30% aprovavam e 36% reprovavam seu governo.

Apesar disso, os números da esquerda também cresceram muito de 2018 para cá. Segundo o jornal O Globo, o ex-presidente Lula conquistou 25 milhões de votos a mais que Haddad em 2018.

De todo modo, a sombra do extremismo de direita continua assustando e, para reverter o quadro, é preciso pensar em estratégias de enfrentamento, combativas e incisivas contra as fake news que visam demonizar e desmoralizar o petismo, num projeto que o escolheu como traidor da pátria.

Permitir a permanência daqueles que fazem uma política de umbigo, em que só reconhecem e favorecem os seus, deixando à mercê aqueles em maior vulnerabilidade e dando continuidade a um Brasil colonial, longe de ser libertado das amarras da exploração, é trair a pátria, de fato.

Foram grandes as consequências para o país, e as sequelas vão se perdurar por muito tempo, principalmente em memória daqueles que se foram em consequência da péssima gestão contra a pandemia da COVID-19.

Agora, o Brasil tem diante de si a possibilidade de integrar a chamada nova onda rosa latinoamericana, renovar e reconstruir alianças, trazer novamente a relevância internacional do Brasil e, sobretudo, tornar como centro do país um projeto popular, sem fome e sem medo.