Na última quinta-feira (08), faleceu Elizabeth II, a monarca com o reinado mais duradouro da História do Reino Unido. Com a sua morte veio uma onda de comoção da mídia mundial e de pessoas do mundo inteiro. Esperava-se tamanha cobertura sobre o falecimento da rainha britânica, mas chamou a atenção o excesso de compaixão e um esquecimento proposital do papel que Elizabeth II e sua herança monárquica teve no colonialismo, genocídio e saqueamento de riquezas, principalmente de países africanos.
Além de sua aproximação com governos ditatoriais, como o de António de Oliveira Salazar, o ditador português. Tendo assumido o trono em 1952, a rainha tratou de acobertar seu legado racista de colonização, além de nunca ter se desculpado ou ter reparado aqueles que sofreram com os feitos de sua família: vítimas violentadas, roubadas e traumatizadas. Dentre tais feitos, podem ser citados:
Vale ressaltar que grande parte da fortuna da Coroa Britânica foi obtida através do tráfico de escravos, apesar da família real nunca admitir publicamente este fato. O maior diamante lapidado do mundo, chamado de “A Grande Estrela da África”, de 530 quilates, foi extraído (leia-se roubado) da África do Sul em 1905 e seu valor estimado é de US$400 milhões; ele pertencia à rainha Elizabeth II.
Reforçando: não se deve esquecer das inclinações ditatoriais da agora falecida rainha. Por exemplo, o Apartheid que foi fortemente apoiado pela Inglaterra. A África do Sul tomou a decisão de deixar a Commonwealth (Comunidade das Nações) em 1961, mas os britânicos não deixaram de influenciar a política do país. Os sulafricanos se livraram dessa influência quando o regime do Apartheid foi dissolvido, ou seja, quando Nelson Mandela foi eleito presidente do país na década de 1990.
Apesar de ter se mantido publicamente distante, Elizabeth também deu a sua chancela para a Guerra do Iraque, como também, a participação das tropas britânicas na Guerra do Afeganistão, nesta última, os príncipes William e Harry serviram.
Quando perguntado qual o verdadeiro legado do reinado de Elizabeth II nos países que foram colonizados pela Inglaterra, que hoje vivem em clima de caos e insegurança políticoeconômica, apesar do tom de solenidade da mídia, o Especialista no Ensino de Geografia Glauber Guirra, respondeu:
“É um legado muito controverso. É inegável a importância da simbologia política em torno da Rainha Elizabeth no ocidente. Há um respeito grande por um reinado tão longevo. Entretanto, a admiração da coroa britânica nunca esteve plenamente com ela, mas, com a Princesa Diana que morreu tragicamente em um acidente de carro. Mas fora do mundo ocidental as coisas são bem diferentes. Sua primeira viagem para o continente africano foi pra legitimar e reconhecer o regime do Apartheid. Basicamente, todas as manutenções de poder das ex-colônias africanas britânicas sofreram para terem suas independências reconhecidas pela Rainha! Falar de monarquia é falar de violência, segregação racial e manutenção de privilégios. A morte da Rainha não resolve tais problemas, mas ela ajudou bastante na construção dos mesmos.”
Que a família possa lamentar a perda de um ente querido, mas que o mundo não romantize o falecimento de uma governante que teve ligação direta com o sofrimento e morte de milhares de inocentes para manutenção de seu poder imperial.
Fato curioso é constrangedor: o Brasil foi o único país, além das 15 nações da Commonwealth que declarou luto nacional pela morte da Rainha Elizabeth. Não houve a mesma comoção por parte do Presidente da República pelas mais de 700 mil mortes pela Covid-19.